Classificação dos mamíferos
Chave classificatória dos mamíferos viventes |
Apenas muitos anos após a descoberta dos monotremados (ca. 1790) e dos marsupiais australianos (ca. 1760), foi caracterizada a grande divergência quanto aos aspectos dos sistemas reprodutores entre esses dois grupos e os placentários. Em 1816, Henri Marie Ducrotay de Blainville dividiu os mamíferos, com base nessas características, em duas subclasses: os monodelfos (placentários) e os didelfos (marsupiais e monotremados). Em 1834, o autor manteve a designação difelfos para os marsupiais e transferiu os monotremados para uma terceira subclasse, a dos ornitodelfos.
Theodore Gill, em 1872, criou a divisão Prototheria para incluir os ornitodelfos e a divisão Eutheria para incluir os monodelfos (placentários) e os didelfos (marsupiais). O táxon Eutheria de Gill foi posteriormente rebatizado de Theria, sendo o Eutheria mantido apenas para os placentários.
George Gaylord Simpson (1945), em seu "Principles of Classification and a Classification of Mammals" apresentou uma classificação tanto de animais viventes como espécies fósseis e suas inter-relações. Está classificação foi universalmente aceita até ao fim do século XX. Ela trazia o seguinte arranjo (simplificado):
Mamíferos |
Classe Mammalia Linnaeus, 1758
Subclasse Prototheria Gill, 1872
Ordem Monotremata Bonaparte, 1838
Subclasse Theria Parker & Haswell, 1897
Infra-classe Metatheria Huxley, 1880
Ordem Marsupialia Illiger, 1811
Infra-classe Eutheria Gill, 1872
demais ordens
Nos últimos anos, a classificação dos mamíferos vem sofrendo grandes mudanças em função de dois fatores principais: a mudança da filosofia de classificação e o avanço dos estudos moleculares.
A filosofia de classificação vem mudando gradualmente da escola de Sistemática Evolutiva (Simpson 1945, por exemplo) para a Sistemática Filogenética (McKenna e Bell 1997, por exemplo). A popularização da utilização de seqüências de DNA (tanto nuclear quanto mitocondrial) para inferir relações de ancestralidade e descendência tem revolucionado a taxonomia, indicando grupos muitas vezes radicalmente diferentes das visões tradicionais. A grande maioria dessas hipóteses vem sendo confirmada com dados adicionais moleculares e/ou morfológicos, muitas vezes incluindo fosseis. Diversos arranjos taxonômicos vêm sendo debatidos, com visões opostas sendo defendidas por diferentes grupos de pesquisadores. Por outro lado, vários consensos sobre a classificação dos mamíferos foram alcançados nos últimos anos e encontram suporte em uma variada gama de dados e análises.
A mais recente proposta de classificação baseada em estudos moleculares propõe quatro linhagens ou grupos de mamíferos placentários, que divergiram de um ancestral comum no período Cretáceo, apesar dos registros fósseis ainda não terem corroborado com essa hipótese. Esses achados moleculares são consistentes com os padrões de distribuição dos mamíferos. Entretanto eles não refletem os dados morfológicos, em alguns casos, e por isso não é aceito por muitos estudiosos.
Um marco recente na classificação dos mamíferos é a terceira edição de Wilson e Reeder (2005), que apresenta uma listagem de todas as espécies descritas de mamíferos viventes e recém extintos até 2003, contabilizando 5 416. Entretanto, com o desenvolvimento de novos métodos de análise molecular e a descoberta de novas espécies, esse número vem aumentando a cada ano (2004 - 22 espécies; 2005 - 43 espécies; 2006 - 49 espécies; e 2007 - 28 espécies), contabilizando hoje cerca de 5 558 espécies. Entre os principais colaboradores para esse aumento estão a ordem Chiroptera com 43; os roedores com 40; e os primatas com 36 novas espécies.
Chave classificatória dos mamíferos viventes (simplificado):
Classe Mammalia
Subclasse Prototheria
Ordem Monotremata (ornitorrinco, equidna)
Subclasse Theria
Infraclasse Marsupialia
Ordem Didelphimorphia (gambá, cuícas)
Ordem Paucituberculata (cuíca-musaranho)
Ordem Microbiotheria (monito-del-monte)
Ordem Notoryctemorphia (toupeira-marsupial)
Ordem Dasyuromorphia (diabo-da-tasmânia, gatos-marsupiais)
Ordem Peramelemorphia (bandicotos)
Ordem Diprotodontia (coala, wombat, canguru)
Infraclasse Placentalia
Superordem Afrotheria:
Ordem Afrosoricida (tenrecos)
Ordem Macroscelidea (musaranho-elefante)
Ordem Tubulidentata (aardvarks)
Ordem Hyracoidea (dassies)
Ordem Proboscidea (elefantes)
Ordem Sirenia (peixe-boi)
Superordem Xenarthra
Ordem Cingulata (tatu)
Ordem Pilosa (bicho-preguiça, tamanduá)
Superordem Euarchontoglires:
Ordem Scandentia (Tupaias)
Ordem Dermoptera (colugos)
Ordem Primates (lémur/lêmure, macaco, chimpanzé, homem)
Ordem Rodentia (camundongo, rato, hamster, esquilo, castor)
Ordem Lagomorpha (lebre, coelho, pika)
Superordem Laurasiatheria
Ordem Erinaceomorpha (ouriço)
Ordem Soricomorpha (musaranho, toupeira, solenodonte)
Ordem Chiroptera (morcego)
Ordem Pholidota (pangolim)
Ordem Carnivora (cão, gato, urso, doninha, foca, morsa)
Ordem Perissodactyla (cavalo, rinocerontes e anta )
Ordem Artiodactyla (porco, veado, boi, ovelha, camelo)
Ordem Cetacea (baleia, golfinho)
Três considerações devem ser levantadas:
As ordens Afrosoricida, Erinaceomorpha e Soricomorpha formavam a antiga ordem Insectivora, ainda utilizada por alguns investigadores.
As ordens Cingulata e Pilosa compunham a antiga ordem Edentata, cujo termo atualmente foi elevado a superordem.
Em algumas publicações os artiodáctilos e os cetáceos aparecem formando uma única ordem, a Cetartiodactyla.
(Fonte:wikipédia)
Mamíferos |
Comentários
Postar um comentário